Segundo o Índice FipeZap, tendência de baixa rentabilidade começou em 2008; situação é pior no Rio de Janeiro
É necessário calcular ganhos para que o investimento faça sentido e tenha rendimentos mensais maiores do que outras aplicações mais conservadoras
O rendimento de um imóvel (razão entre o preço anunciado para locação e venda do metro quadrado) nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro se mantém no menor nível desde 2008.
Nos três primeiros meses do ano, o investimento continua perdendo para aplicações de menor risco, como a poupança. É o que aponta o índice FipeZap, tomando como base classificados de imóveis e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos três primeiros meses do ano, os ganhos somam 1,45% em São Paulo e 1,11% no Rio. Os rendimentos da poupança desde o início do ano somam 1,68%.
O rendimento para quem aluga imóveis nos primeiros três meses do ano foi de, em média, 0,45% por mês em São Paulo e 0,37% no Rio. Em 2008, o rendimento mensal era de 0,71% em São Paulo e 0,54% no Rio.
No ano passado, os ganhos com aluguel somaram, em média, 5,62% do valor do imóvel em na capital paulista, e 4,66% na cidade fluminense. Em 2008, atingiram 9,02% e 6,44%, respectivamente.
De acordo com Claudio Alencar, professor do núcleo que estuda o mercado imobiliário da Universidade de São Paulo (USP), o investimento está sendo penalizado pelo descolamento entre os preços dos aluguéis e do valor dos imóveis iniciado em 2007 e impulsionado pelo aumento do crédito imobiliário e do investimento estrangeiro no País. "O preço de venda subiu muito acima do crescimento da renda da população e até da inflação".
Este panorama não deve mudar no curto prazo, diz o professor da USP. Isso porque os preços não devem avançar no mesmo patamar dos últimos anos, mas também não devem cair, acredita. "A tendência é que se estabilizem".
Neste cenário, a compra do imóvel para aluguel apenas vale a pena caso o investidor encontre oportunidades, como um vendedor em busca de liquidez, que precise vender o bem de forma rápida, pois necessita do dinheiro. "Caso o imóvel seja vendido com desconto, o rendimento mensal pode aumentar e o investimento pode passar a valer a pena", aponta Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro.
Mercado é promissor para quem já tem imóvel
O alerta sobre os fracos rendimentos serve para quem deseja comprar agora um imóvel para alugar, e não para quem já tem um imóvel pelo qual cobra aluguel.
Calil exemplifica. Quem comprar hoje um imóvel de R$ 1 milhão, e cobrar aluguel mensal de R$ 3 mil, terá rendimento de cerca de 0,3% ao mês. Mas no caso de um imóvel adquirido há 20 anos por R$ 100 mil, e que valha hoje R$ 1 milhão, o rendimento mensal de um aluguel de R$ 3 mil é de 3%, pois é baseado no preço de compra do imóvel.
O consultor financeiro aconselha alugar o imóvel até para quem quer se mudar para outro apartamento. "Não é o momento de se desfazer. É preferível colocá-lo para alugar e cobrir o financiamento do segundo imóvel com este valor", conta.
Calcule os riscos e ganhos e busque alternativas
Quem deseja investir em um imóvel para alugar deve dividir o valor do aluguel que será cobrado pelo valor do imóvel e multiplicar por 100 para chegar a um porcentual e, desta forma, comparar o investimento com o rendimento obtido em outras aplicações financeiras.
Hoje o mercado oferece opções mais rentáveis na renda fixa, com maior liquidez e segurança do que a compra de um imóvel para alugar, diz Calil. "Comprar um imóvel para investir não é seguro. Ele pode não ter liquidez e até desvalorizar".
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Como opção, o investidor tem fundos imobiliários, que funcionam de forma semelhante ao aluguel, porém, é possível ter mais liquidez ao vender as cotas e diversificar mais, já que cada fundo investe geralmente em mais de um imóvel.
Quem tem R$ 300 mil para comprar imóvel pode investir em cotas de 10 fundos e diminuir os riscos. "Existem fundos nos quais é possível obter um rendimento mensal de 0,7% ao mês e que são isentos de Imposto de Renda", conta Calil.
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